A Cidade do Vaticano, encravada no coração de Roma, oferece uma experiência única onde religião, arte e história se fundem num espaço de apenas 49 hectares.
Embora diminuta em dimensões, é imensa em significado, albergando tesouros artísticos de valor incalculável e funcionando como centro espiritual para mais de mil milhões de católicos em todo o mundo.
Introdução à Cidade do Vaticano
Oficialmente conhecida como Estado da Cidade do Vaticano, este microestado é reconhecido como o país mais pequeno do mundo, tanto em área (0,49 km²) como em população.
Situado inteiramente dentro de Roma, funciona como um enclave soberano governado pelo Papa como chefe de Estado. Apesar do seu tamanho, a sua influência global ultrapassa largamente as suas fronteiras físicas.
História da Cidade do Vaticano
A história do Vaticano remonta aos primórdios do cristianismo. Acredita-se que São Pedro, considerado o primeiro Papa, foi sepultado no local onde hoje se ergue a Basílica de São Pedro, no século I d.C.
Durante séculos, este território fez parte dos Estados Pontifícios, uma região muito mais vasta que incluía grande parte do centro de Itália. Esta situação manteve-se até 1870, quando os Estados Pontifícios foram anexados pelo recém-unificado Reino de Itália.
A questão da soberania papal foi resolvida em 1929, com os Pactos Lateranenses entre a Santa Sé e o Reino de Itália, que reconheceram a soberania da Santa Sé sobre a Cidade do Vaticano.
A praça de São Pedro

A praça de São Pedro representa o centro nevrálgico da Cidade do Vaticano. Projetada por Gian Lorenzo Bernini no século XVII, forma um espaço elíptico rodeado por colunatas que simbolizam “os braços da Igreja que abraçam os fiéis”.
No centro ergue-se o obelisco da praça de São Pedro, um monólito egípcio com mais de 25 metros de altura. Trazido para Roma no ano 37 d.C. pelo imperador Calígula, foi transferido para o seu local atual em 1586.
A praça serve como palco para as principais cerimónias religiosas, incluindo as audiências papais e celebrações importantes do calendário católico.
A basílica de São Pedro
A basílica de São Pedro é o maior templo católico do mundo e um notável exemplo da arquitetura renascentista e barroca. Construída sobre o local onde tradicionalmente se crê estar sepultado o apóstolo São Pedro, a atual basílica começou a ser edificada em 1506 e foi consagrada em 1626.
No seu interior, os visitantes podem admirar obras-primas como a Pietà de Michelangelo e o baldaquino de Bernini. A cúpula, projetada por Michelangelo, constitui um marco na paisagem romana, oferecendo uma vista panorâmica a quem se aventura a subir até ao seu topo.
Os museus do Vaticano
Albergam uma das coleções de arte mais importantes do mundo, foram fundados no século XVI e contêm uma vasta coleção de obras de arte inestimáveis reunidas pelos papas ao longo dos séculos.
Entre as suas coleções destacam-se:
- A galeria Pio-Clementina com esculturas greco-romanas
- A galeria dos mapas geográficos
- As salas de Rafael
- A capela Sistina
A capela Sistina
A capela Sistina representa o ponto alto da visita aos museus do Vaticano. Construída durante o pontificado do Papa Sisto IV, é mundialmente conhecida pelos frescos que adornam o seu teto e a parede do altar.
Os frescos do teto, pintados por Michelangelo entre 1508 e 1512, ilustram episódios do livro do Génesis, incluindo a famosa cena da criação de Adão. A monumental composição do Juízo Final, que ocupa toda a parede do altar, foi realizada pelo mesmo artista entre 1536 e 1541.
Além do seu valor artístico, é nesta capela que se realiza o conclave para a eleição de um novo Papa.
Viver na Cidade do Vaticano

A população permanente da Cidade do Vaticano é reduzida, contando com aproximadamente 501 residentes, composta principalmente por clérigos e membros da Guarda Suíça Pontifícia.
A cidadania vaticana é concedida em função do cargo desempenhado ao serviço da Santa Sé e não por nascimento. Em 2023, uma nova Lei Fundamental reforçou as regras de cidadania. Quando uma pessoa deixa de exercer as suas funções no Vaticano, perde automaticamente a cidadania.
Diariamente, milhares de pessoas trabalham na Cidade do Vaticano, deslocando-se a partir de Roma e arredores, em funções que vão desde a manutenção dos edifícios até à gestão dos museus.
Como visitar a Cidade do Vaticano
Para visitar a Cidade do Vaticano não é necessário apresentar passaporte, pois o acesso realiza-se a partir de Roma. No entanto, para entrar na Itália, alguns visitantes podem precisar de um visto Schengen, dependendo do seu país de origem. Existem controlos de segurança para aceder a locais específicos como a basílica e os museus.
Os museus do Vaticano são extremamente populares, pelo que é recomendável adquirir bilhetes antecipadamente através do site oficial. As filas podem ser muito longas, especialmente durante a época alta turística.
Para assistir a uma audiência papal, que geralmente ocorre às quartas-feiras de manhã, é necessário obter um bilhete gratuito através da Prefeitura da Casa Pontifícia ou na entrada da praça no próprio dia.
Curiosidades sobre a Cidade do Vaticano
A Cidade do Vaticano, encravada no coração de Roma, é um microestado soberano de apenas 44 hectares que serve como sede da Santa Sé e residência oficial do Papa, destacando-se por características únicas que lhe conferem um lugar especial entre as nações do mundo:
Recordes mundiais
A Cidade do Vaticano destaca-se por ser o menor estado independente do mundo. Além disso, possui a menor população entre todas as nações e detém a menor taxa de natalidade a nível mundial, factos que a tornam verdadeiramente única no panorama internacional.
Infraestruturas próprias
Apesar do seu tamanho diminuto, o Vaticano dispõe de várias infraestruturas próprias que lhe conferem autonomia. O estado possui o seu próprio código postal e mantém uma central telefónica autónoma. Conta ainda com uma estação de rádio exclusiva e publica o seu próprio jornal.
Para servir os seus residentes, o Vaticano possui também uma farmácia e um supermercado local, garantindo assim as necessidades básicas da sua população.
A Guarda Suíça Pontifícia
A Guarda Suíça Pontifícia, fundada em 1506, é considerada o menor exército do mundo e representa simultaneamente o mais antigo exército ainda em atividade. Esta força militar é composta exclusivamente por cidadãos suíços, aceitando apenas homens de religião católica nas suas fileiras.
Os guardas são facilmente reconhecíveis pelo seu colorido uniforme de estilo renascentista, que constitui uma das imagens mais emblemáticas do Vaticano.
Visitar a Cidade do Vaticano é uma experiência que permite compreender melhor a história, a espiritualidade e a influência cultural que, a partir deste pequeno território, se estenderam ao longo dos séculos por todo o mundo.
Este estado minúsculo continua a fascinar milhões de visitantes anualmente, provando que a grandeza não se mede em quilómetros quadrados, mas sim na riqueza do património histórico, artístico e espiritual.